Pais se preocupam com bactéria que já causou cinco mortes em Cascavel
10ª Regional teve seis casos e cinco mortes pela doença nos últimos meses
Por Bruno Rodrigo
Uma infecção bacteriana tem preocupado pais em Cascavel. Isso porque a cidade já conta com registro de cinco mortes por conta da doença, que acomete principalmente crianças. O Streptococcus pyogenes ou estreptococos do grupo A (EGA), que normalmente causa doenças leves, tem trazido quadros graves que resultaram nas mortes. Os casos agora estão sendo monitorados para evitar uma proliferação maior da doença com gravidade.
Conforme a Secretaria Municipal de Saúde, na 10ª Regional de Cascavel foram seis casos da doença invasiva causada por Streptococcus pyogenes na região, cinco em Cascavel e um caso em Santa Tereza do Oeste. Desses, quatro foram a óbito. A bactéria é responsável por mais de 500.000 mortes por ano em todo o mundo.
“Desde o dia 13 de agosto, o município de Cascavel registrou seis casos de doença invasiva causada por Streptococcus pyogenes, sendo que a letalidade está acima de 80%, dos seis casos registrados, cinco evoluíram a óbito. Dos casos registrados, cinco são residentes em Cascavel e um de Santa Teresa do Oeste”, diz um informe epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde.
São duas mortes em pessoas de 10 a 14, anos, uma morte em criança de 5 a 9 anos, uma morte em pessoas entre 20 a 29 anos e uma morte registrada na faixa etária de 40 a 49 anos. O outro caso que não resultou em óbito, foi em uma criança de 1 a 4 anos.
O Streptococcus pyogenes ou estreptococos do grupo A (EGA), geralmente causa doenças leves, como amigdalite e faringite, que são comuns em escolares e em geral não estão associadas a doença invasiva. Entre 5% e 30% das pessoas podem ser colonizadas por esta bactéria sem apresentar sintomas e/ou manifestações clínicas, geralmente alojada na pele ou na garganta.
A infecção por EGA pode provocar uma ampla gama de doenças, desde infecções simples da pele e garganta, com menor frequência pode causar infecções invasivas graves, como fasciíte necrosante, bacteremia, artrite séptica, endometrite puerperal ou infecções do trato respiratório.
São esses quadros que tem causado a morte de crianças na região de Cascavel. Um registro foi feito há cerca de um mês de um aluno da Escola Municipal Hermes Vezzaro, localizada no bairro Santo Onofre, em Cascavel. Neste mês, houve registro de morte de uma criança que é aluna escola Rubens Lopes, no bairro Neva em Cascavel. Há também o registro da morte de uma adolescente de 13 anos em um hospital particular de Cascavel. Nas escolas municipais onde houve óbitos, a Vigilância Epidemiológica emitiu um comunicado aos pais, solicitando uma coleta no laboratório municipal de Cascavel para exame que detecta a bactéria.
“Quando ocorre um caso de doença invasiva por essa bactéria a gente segue um protocolo que bloqueio. Solicitamos para a escola o nome dos contatos dos coleguinhas que sentam perto ou que tinham mais amizade com ele. O seu filho veio na lista. Para esses contatos estamos agendando uma coleta no laboratório municipal para fazer o exame que detecta a bactéria. Caso venha positivo, passaremos um tratamento com Amoxicilina”, diz o comunicado enviado aos pais.
O comunicado ainda afirma que a coleta é importante e questiona se a criança teve algum sintoma que se assemelhe a doença.
“É muito importante que essa coleta seja feita pois caso também esteja com a bactéria, evita que ela passe para outras pessoas (alguém mais vulnerável que poderia ter complicação). Ela teve dor de garganta ou infecção de pele nos últimos dias? Ou está com algum sintoma assim nesse momento?”, diz a mensagem enviada pela Vigilância Epidemiológica.
A Gazeta do Paraná questionou a secretaria de saúde de Cascavel sobre o trabalho que está sendo feito e se há motivo para preocupação. A resposta foi a seguinte:
“A Secretaria de Saúde informa que trata-se de um trabalho de prevenção da vigilância de rotina para quando ocorrem casos de óbitos por infecções virais ou bacterianas. A atividade é denominada de bloqueio e tem por objetivo prevenir outros casos eventuais. Não há motivo para alarde”.
Comunicado epidemiológico
Em um comunicado epidemiológico, a Secretaria Municipal de Saúde de Cascavel deu detalhes sobre a situação da doença em Cascavel e deu detalhes de como ela age.
“A partir dos sítios primários (orofaringe e pele), a bactéria pode ganhar acesso a tecidos estéreis e desenvolver doenças invasivas: pneumonia, sepses, meningite, celulite, fasceíte necrotisante (FN) acompanhados ou não da síndrome do choque tóxico estreptocócico (SCTE), doenças graves que colocam em risco a vida dos indivíduos acometidos”, diz o informe.
Conforme o informe, as doenças invasivas causadas pelo EGA podem ocorrer em qualquer idade. Afetam especialmente pessoas que apresentam comorbidades associadas, porém nos últimos anos, elas têm se desenvolvido inclusive em indivíduos saudáveis. O diagnóstico precoce e introdução de antimicrobianos em tempo oportuno estão associados a possibilidade de controle e cura da doença.
Prevenção
A GP também questionou a Secretaria do Estado da Saúde sobre medidas de prevenção para possíveis casos graves da doença. A SESA enviou uma série de medidas que ajudam a não contaminação pela bactéria:
- A população deve ser informada sobre a doença, sintomas, formas de transmissão e formas de prevenção.
- Manutenção dos ambientes ventilados, medidas de higiene e lavagem das mãos com água e sabão e álcool gel 70%.;
- Evitar aglomerações em locais com ventilação restrita.
- Usar etiqueta respiratória, cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar.
- Evitar compartilhamento de alimentos, bebidas e/ou fômites (pratos, talheres)
Para proteção contra a infecção por Streptococcus do grupo A (Streptococcus pyogenes), deve-se manter os ferimentos limpos, em especial atenção aos sinais de infecção, procurando o serviço de saúde caso houver inchaço e febre. Escolas e creches devem limpar com álcool 70% dos brinquedos de uso comum com frequência.
Créditos: Da Redação